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A Secretária de Saúde, Mayara Grosskopf, e a Assessora de Área I da Secretaria de Saúde, responsável pela Área de Gestão da Saúde, Fabíola Grabrielli Sura, estiveram participando da sessão da Câmara Municipal de Piên desta terça-feira. Elas se inscreveram para utilizarem a Tribuna do Poder Legislativo, na Palavra Livre, para prestar esclarecimentos a respeito de questionamentos feitos por alguns vereadores nas sessões anteriores.
Os pontos abordados dizem respeito as filas de exames, consultas, cirurgias e outros procedimentos médicos, que estão reprimidos. Outros esclarecimentos se referem a transparência dos dados de tais filas e o Piso Nacional da Enfermagem. Além disso, as servidoras da Secretaria de Saúde também prestaram outros esclarecimentos sobre a renovação do contrato com a Irmandade Santa Casa da Misericórdia, que vem administrando o hospital de Piên, e também sobre a inscrição de 40 leitos de longa permanência, do hospital de Piên, que foram cadastradas junto ao Governo do Paraná.
Mayara iniciou seu discurso elencando a questão das filas para realização de procedimentos médicos enaltecendo que desde o final do ano anterior, após superado o período pandêmico, a Secretaria de Saúde trabalha para colocar em ordem a questão. “Ano passado iniciamos um trabalho para colocar a fila de espera em ordem, porque isso antes não era informatizado, eram apenas pastas e arquivos. Iniciamos um trabalho para informatizar a gestão da fila, mas não tínhamos os parâmetros necessários”, afirmou.
A Secretária enfatizou que a informatização da fila de espera demanda muito trabalho e tempo. “E depois vamos dar transparência”, elencou. Mayara também informou que atualmente estão represados mais de 3 mil exames de diversos tipos. “Somente com relação a ultrassonografia, eram mais de 2 mil exames aguardando para serem realizados no final do ano anterior. Desde então, até o momento, já realizamos cerca de 500 exames”, acrescentou.
Ainda segundo Mayara também estavam aguardando na fila outros 309 exames de endoscopia. “Hoje são 296. Esses exames de endoscopia, só podemos realizar apenas através dos consórcios, pois não há cotas via Estado. Todos esses exames são custeados com recursos próprios do município. Cada exame, via Cisnordeste (Consórcio de Saúde), sem biópsia, custa em média R$ 235,00. Para zerar a fila de endoscopia, vai em torno de R$ 85 mil. Temos outros 170 exames de colonoscopia, 300 para raio-x. A gente vai dar transparência para vocês desses números nas próximas semanas”, prometeu.
Mayara também informou que desde 2021 a Prefeitura vem trabalhando para efetivar um cronograma para as cirurgias eletivas. Para isso, segundo ela, o município se inscreveu no programa Opera Paraná. “Como o município de Piên é de Gestão Plena, temos que correr atrás de onde realizar as cirurgias. Queríamos fazer isso em Piên, porém, nossa demanda aqui é pequena para a Santa Casa abrir todas especialidades cirúrgicas. Portanto, estamos correndo atrás de uma possível pactuação de recurso com os municípios que também têm Gestão Plena, como São José dos Pinhais e Araucária, que podem fazer a gestão de seus recursos através do Opera Paraná”, explicou.
A Secretária seguiu sua explanação falando sobre ações que a atual administração vem promovendo para agilizar a realização dos exames, lembrando de alguns mutirões de exames como as Carretas de Mamografia e de Ultrassom, que recentemente estiveram em Piên, além de aquisição de equipamentos via emenda parlamentares. “Mas, para operar esses aparelhos precisamos abrir processo de contratação médica. Estamos buscando orçamento e parcerias para o custeio desses serviços”, disse.
Fabíola abordou a questão da publicidade nas filas, outra questão que já movimentou as sessões da Câmara Municipal de Piên. Segundo ela, no final do ano anterior, a Secretaria de Saúde fez um levantamento e planilhou todos os procedimentos que estavam represados. “Foi feito um levantamento de toda fila de exames, cirurgias e consultas especializadas que a gente tinha de demanda reprimida. Só que para fazer a publicação, tínhamos planilhas com os nomes dos pacientes, que usávamos para nosso controle. Mas para publicar essa fila, precisamos respeitar toda a questão da identidade dos pacientes conforme preconiza e Lei de Dados”, explicou.
A servidora ainda elencou que a Secretaria de Saúde vem discutindo a melhor forma de implantação de um novo sistema para que as filas estejam todas organizadas e acessível a todos os cidadãos. “Para que as filas estejam todas publicadas, preciso primeiro informatizá-la. Toda essa fila terá que ser migrada para o novo sistema. Existe todo um trâmite interno que a precisamos organizar, por isso, leva tempo, parece que a gente não está dando atenção para isso, mas estamos”, garantiu.
No tocante ao Piso Nacional da Enfermagem, Mayara fez questão de deixar claro que o município não recebeu, até o momento, nenhum repasse via Governo Federal para auxiliar no pagamento do Piso aos enfermeiros do município. As servidoras ainda lembraram que a questão vem sendo debatida no Supremo Tribunal Federal (STF). Outra questão relacionada a este assunto é que recursos na ordem de R$ 7 bilhões, que estão sendo pleiteados pela União, a serem repassados aos municípios, para pagamento do Piso, não supre os R$ 18 bilhões necessários para adequar os salários dos enfermeiros nos municípios brasileiros.
Por fim, ambas elencaram, quanto a questionamentos sobre a possibilidade de horários estendidos na atenção primária de saúde, que a Secretaria de Saúde vem realizando durante os terceiros sábados de cada mês, um projeto piloto, denominado “Sábado da Saúde”. “Tanto para atendimento médico agendado como demanda livre. No último sábado apenas um médico estava atendendo, mas geralmente, são sempre dois médicos, também temos atendimento odontológico, exames de preventivo, psicológicos agendados e a sala de vacina fica aberta durante todo dia com todos os tipos de vacina”, informou.
Depois da explanação de Mayara e Fabíola, os vereadores tiraram diversas dúvidas. Uma sugestão apresentada pelo presidente, foi a do município utilizar parte das verbas provenientes das emendas impositivas dos parlamentares para custear os exames com o objetivo de zerar as filas. A Secretária mencionou que a questão precisa ser vista diretamente junto a Prefeitura elencando que seja possível tal feito.
Os vereadores cobraram agilidade na questão e em meio ao debate a Secretária informou o montante de recursos públicos que vem sendo direcionado ao Hospital Nossa Senhora das Graças de Piên. “São R$ 249 mil do município, outros R$ 100 mil do Governo do Estado, outros R$ 110 também do Governo Estado e mais o repasse do Governo Federal da produção SUS”, disse. Ela ainda elencou que tais recursos, se aportados em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), não seriam suficientes para viabilizar uma gestão própria e eficiente para atendimento na saúde pública.
Mayara também anunciou que o contrato com a Irmandade Santa Casa da Misericórdia está para ser renovado em julho, nos mesmos moldes do atual contrato, inclusive, com o mesmo valor. “Como Secretária de Saúde recebo diariamente reclamações, assim como vocês vereadores. Então sempre estamos conversando, buscando melhorias, mas, o principio, o contrato vai ser renovado. Vamos buscar ampliar os serviços com auxílio do Governo do Estado, já nos cadastramos em alguns programas junto ao Estado”, disse.
Outra informação importante trazida pelas servidoras, é que a Secretaria de Saúde juntamente com a direção do Hospital, vêm discutindo formas de possibilitar que dois médicos atendam no hospital, principalmente, no período de maior procura, que segundo Mayara se dá das 18 às 22 horas. “Estamos vendo com eles esta possibilidade”, comentou. Outra situação que as servidoras adiantaram é que Piên cadastrou junto ao Governo do Estado 40 leitos do hospital do município para serem utilizados como leitos de longa permanência para pacientes de todo Paraná.
Alguns vereadores se manifestaram e se mostraram insatisfeitos com o atendimento oferecido à população no hospital. Eles lembraram das promessas feitas quando a Irmandade Santa Casa da Misericórdia assumiu a gestão do hospital, elencando que desde então nada mudou. “Nós trocamos a Fundação Harry Guido Greipel pela chancela e expertise da Santa Casa. Imagino que quando foi feito essa troca, a Santa Casa pudesse melhorar isso. Estamos em via de renovar o contrato com qual estamos insatisfeitos, na qual eles (hospital) não irão dar nenhuma contrapartida”, disse a vereadora Seandra Cordeiro de Oliveira cobrando que novas exigências quanto a melhora no atendimento, sejam inclusos no novo contrato.
Seandra ainda disse que a impressão que ela tem, é que a Santa Casa “não se mexe” para viabilizar a melhora nos atendimentos. “A não ser que sejam pagos”, acrescentou. Em seguida, ela disse que a entidade em questão é uma entidade filantrópica. “Teoricamente, não deveriam querer lucro”, completou. “Do que esperávamos desse Nohall da Santa Casa, está muito pouco, eles não podem nem disponibilizar endoscopia, mesmo que a gente (município) pague”, lamentou.
O presidente da Câmara e outros vereadores, a exemplo de Antônio Minickovski, o Tevo, também foram no mesmo sentido. “Quando vieram aqui pegar a chave do hospital disseram que tinham 500 médicos e que era pra gente ficar tranquilo. Quando me prometem alguma coisa, eu costumo cobrar”, disse Juma. “Estamos cobrando frequentemente pela demora no atendimento, muitos pacientes se cansam e vão para casa, minha família provou desse veneno nesses dias”, lamentou o vereador Tevo.
