Destaque

A diretor do hospital Nossa Senhora das Graças, de Piên, Sérgio Feliz, instituição que é gerida pela Irmandade Santa Casa da Misericórdia, juntamente com o Diretor Técnico, o médico Peterson de Souza, estiveram participando da sessão da Câmara de Vereadores desta semana, atendendo solicitações dos vereadores. Ocorre que muitas reclamações por parte da população, quanto a demora nos atendimentos, estão chegando aos parlamentares que convocaram os representantes do hospital para as devidas explicações.

Os representantes do hospital apresentara diversas planilhas referentes aos atendimentos. Somente no último mês de maio, tais atendimentos ultrapassaram a margem de 2.000 consultas e, segundo Peterson, os números continuam a subir.  “Desde julho de 2022 estamos em uma crescente. Temos uma sazonalidade que nos meses de inverno a demanda de atendimento aumenta muito. Janeiro e fevereiro costumam ser mais calmo, mas em março deste ano, tivemos um mês atípico com números coincidindo com os números do mês de julho do ano passado (1.740 consultas)”, explanou.

O diretor técnico do hospital também explanou sobre o tempo médio de atendimento na unidade hospitalar, que atende no Sistema de Triagem de Manchester (STM), visando permitir o gerenciamento do risco clinico e o fluxo dos pacientes através de cores, onde o vermelho é caracterizado como atendimento de emergência, seguido das cores, laranja, amarelo, verde e azul, que apontam situações menos urgente. “Com a classificação verde, temos uma meta na Irmandade, de atender em um tempo médio de 5 minutos, e isso vem ocorrendo dentro de uma crescente, até em 2023, pretendemos diminuir esse tempo de triagem para 3 minutos”, disse.

Debate

Elencando que os vereadores são o “para-choque” da administração pública, o presidente da Câmara, o vereador Giomar da Rosa, o Juma (UB), elencou algumas situações que chegaram até ele, quanto a negligência nos atendimentos.  “Até fica uma situação chata, pois quando a população vai no hospital e não conseguem ser atendidos, eles vêm atrás de nós vereadores, e ai precisamos chamar vocês aqui. Até agradeço a presença. Mas, gostaria de saber qual é o cronograma de vocês para a ampliação dos atendimentos”, indagou.

Peterson, que atua como pediatra na região de Piên há mais de 10 anos, pontuou que entende que tal região, por estar mais afastada da Região Metropolitana de Curitba (RMC), apresenta certo critério de “abandono” no sentido de incentivos financeiros para determinadas especialidades médicas. “Mesmo assim, acredito que ainda há uma entrega muito boa no que se refere a pacientes em nível crítico. Se precisarmos, em 30 minutos um helicóptero pouco e leva um paciente para fazer um cateterismo em Curitiba, e isso faz a diferença para se salvar estar vida. Grande parte dos processos do hospital melhorou, tanto na questão de organização quanto administrativa, mas, claro, temos os desafios contratuais”, disse.

Um detalhe interessante levantado pelo Diretor Técnico, é que mais de 70% das consultas, atualmente, são referentes a situações que poderiam ser resolvidas nas unidades de saúde primárias de Piên, isto é, nos postos de saúde. “70% dos atendimentos não poderiam passar pelo hospital, mas, o SUS garante isso. Sintomas gripais entre outros poderiam ser vistos nos postos, mas o caminho mais fácil e rápido para o paciente, para ele conseguir um atestado médico e não ter descontos em sua folha de pagamento, é o Pronto Atendimento porque ele tem essa garantir por lei de ser atendido”, elencou.

Neste contexto, Peterson citou que é preciso se agilizar mais as portas de entrada para a saúde pública. “Quanto mais portas se abre mais a população procura. Em Curitiba, por exemplo, temos 9 UPAS. Em Porto Alegre (RS), que tem a mesma demanda praticamente, temos 4 UPAS. Mas se fechar uma UPA a repercussão é muito grande. Entendo que os recurso devem ser aportados onde mais se necessita. Permanecer de 40 a 60 minutos em espera é um tempo bom se comparado com outras frentes”, acrescentou.

Sugestões

Durante o debate a respeito dos atendimentos, alguns vereadores fizeram sugestões para melhorar o atendimento e amenizar as reclamações. Peterson explicou que, atualmente, o hospital conta com 2 médicos plantonistas, em horário comercial, das 8 às 17 horas. Porém, no período noturno e nos fins de semana, somente um médico cobre o plantão na unidade. “Na minha opinião, teríamos que 2 médicos em período integral”, disse a vereadora Seandra Cordeiro de Oliveira (Republicanos). “Imagino que temos demandas de emergências nos finais de semana e no período noturno, que é justamente quando só tem um médico”, completou.

Seandra ainda fez questão de elencar que os repasses da Prefeitura ao hospital, mais que dobraram nos últimos meses. “Na época da Fundação Hospitalar era repassado R$ 140 mil, agora estamos em R$ 250 mil mensais, só do município. Criamos uma expectativa na população quando veio a Santa Casa para cá, justamente pelo Nohall que a entidade tem, no entanto, o serviço, na prática, parece que não melhorou tanto assim com relação ao tempo de espera. Os problemas continuam os mesmos”, lamentou Seandra.

No mesmo viés foi o vereador Almir Pedro Mielke (UB), que também comentou que vem recebendo muitas reclamações quanto a demora no atendimento. “Concordo com a Seandra que deveria ser trocado a permanência de 2 médicos de plantões, pois durante o dia, temos várias UPAS pelo município, onde esses pacientes que não são urgentes podem ser atendidos. A maior parte das reclamações que recebo ocorrem no período noturno”, elencou.

Peterson listou vários motivos que implicam na contratação de 2 médicos plantonistas em tempo integral, com destaque para o aumento dos custos com produtos médicos. “O repasse pode ter dobrado, mas, depois da pandemia os custos triplicaram, inclusive com medicamentos. Houve ainda um incremento acentuado nos financiamentos SUS, antes era em média 80%, hoje não passa de 45%. Algumas ferramentas que poderiam nos auxiliar, por exemplo, seria o horário estendido nos postos de saúde”, sugeriu o Diretor Técnico.

Desfecho

Depois de muito debate, Peterson fez questão de agradecer a receptividade dos vereadores e também da população. “Todos os questionamentos devem nos ser reportados para que a gente busque as soluções, pois, obviamente queremos entregar um serviço de excelência para Piên. Tenho gratidão pela população de Piên pela acolhida, a cobrança não é algo que nos traz intranquilidade, mas temos que buscar juntos pelos processos de melhorias”, disse.

Por fim, o presidente da Câmara fez questão de lembrar que em breve, o contrato com o hospital será renovado. “Gostaria que antes da renovação nós vereadores pudéssemos nos inteirar sobre isso, pois estamos aqui para ajudar. Antes dessa renovação gostaria que vocês pudessem se reunir conosco para ver no que podemos ajudar”, solicitou Juma. Os vereadores também solicitaram o envio mensal de um relatório de produtividade da unidade médica.