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Câmara discute projeto que prevê a proibição da venda e utilização de fogos de artifícios

Publicado em: 23/03/2023 10:20

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Câmara discute projeto que prevê a proibição da venda e utilização de fogos de artifícios

Projeto entrou na pauta da Câmara durante a sessão da semana anterior

Ideia e melhorar a qualidade de vida de pessoas com necessidades especiais e também dos animais

Deu entrada na semana anterior, na pauta da Câmara de Vereadores, um projeto de lei do Legislativo, de autoria dos vereadores Giomar da Rosa, o Juma, e o vereador Almir Mielke, que visa proibir no município, a comercialização e utilização de fogos de artifícios com estampidos, além de outros artefatos pirotécnicos que provoquem efeito sonoro ruidoso. O projeto, que será votado nas próximas semanas gerou um longo debate entre a vereança.

Primeiramente, o presidente do Movimento Independente pelos Animais (MIA), Ludgero Wotroba Mandrick, utilizou a Tribuna da Câmara de Vereadores, a convite do vereador Almir, para explicar os benefícios que tal projeto irá propiciar aos animais. “Estamos muito felizes por sermos convidados pelos vereadores, para dar uma palavra sobre este projeto que não beneficia apenas os animais como também as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), pessoas idosas e com sensibilidade aos estampidos gerados por bombas, foguetes, rojões e outros do gênero”, salientou Ludgero.

Presidente do MIA defendeu a aprovação do projeto na Tribuna da Câmara

O presidente do MIA fez questão de enfatizar sobre os danos que a queima de fogos de artifício causam na vida de muitos animais. “Se para os humanos o som resultado de fogos de artifícios podem incomodar, imaginem o impacto que esses estouros proporcionam aos animais, que possuem ouvidos muito mais aguçados. Eles deixam os animais desesperados, os quais fogem, podendo ser atropelados. Muitos têm convulsões, se machucam, têm ataques de pânico, desmaiam e alguns chegam até a falecer por conta do tamanho estresse causado pelos estouros”, elencou.

Ludgero, lembrou ainda que não são somente os animais de estimação, como cães e gatos, que sofrem com os estouros causados pela queima de fogos de artifício. “Esse problema não ocorre somente com os pets. As aves ao redor dos locais onde ocorrem queima de fogos, acabam abandonando seus ninhos, e por consequência, abandonando seus filhotes, para fugir do barulho ensurdecedor causado por esses artefatos. Existem hoje diversos produtos que causam o efeito visual dos fogos de artifício que podem ser utilizados”, disse.

 

Pessoas especiais

O vereador Almir ressaltou que além da causa dos animais, tanto ele, quanto o vereador Giomar da Rosa, o Juma, têm uma causa mais que especial relacionado a queima de fogos de artifício. Isso porque ambos são pais de crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Quem é pai de filho autista sabe das dificuldades com relação a queima de fogos. Já existe decreto federal proibindo a utilização de tais produtos, mas, em nosso município não existe nenhuma lei. Quando o Juma me convidou para assinar esse projeto fiquei muito feliz”, elencou.

Presidente da Câmara lamentou comentários maldosos com relação ao assunto 

Almir, que trabalha como bombeiro em Piên, ainda fez questão de lembrar que os estouros dos fogos de artifício ainda causam problemas a pessoas idosas além de outras pessoas com necessidades especiais. “Além disso, nos finais de ano, atendemos no Corpo de Bombeiros, vários casos de acidentes gerados pela queima de fogos. É difícil um final de ano que não vamos buscar alguém com um dedo ou um pé arrebentado por conta desses artefatos. Por isso, acho que esse projeto vem a somar muito para nosso município”, concluiu.

 

Respeito ao próximo

O presidente da Câmara de Vereadores, que tem como sua principal bandeira a qualidade de vida para as pessoas com necessidades especiais, foi mais incisivo em seu pronunciamento. Isso porque segundo ele, algumas “piadinhas” começaram a surgir em Piên após a notícia da lei proibindo a queima de fogos no município. “Não estamos proibindo o pessoal de se divertir, mas, por que querem se divertir vendo a infelicidade do próximo?”, indagou.

Juma reforçou as justificativas. “Se alguém tem alguma solução que apresente. As famílias com crianças autistas vão ter que conviver com isso pro resto de suas vidas, porque não existe remédio. Apenas podemos dar uma vida melhor para essas crianças. Se alguém desses engraçadinhos que ficam fazendo piadinha quiserem fazer um curso sobre autismo, eu abro a porta da minha casa para que eles convivam com uma criança autista por uma semana que seja. Ou eles que escolham uma das mais de 50 famílias em Piên que têm crianças autistas”, disse o presidente, emocionado.

O vereador Joelcio Buba também entrou na discussão do projeto e se manifestou a favor da proposta. “Também tenho um afilhado que é especial e a gente que convive com ele percebe facilmente o quanto é sensível a audição deles. Qualquer barulho já deixam eles assustados, por isso, sou favorável a este projeto, porque não precisa tirar a felicidade de ninguém”, elencou o parlamentar.

A vereadora Seandra Cordeiro de Oliveira foi a última a falar sobre a questão e, assim como presidente, também foi mais incisiva. “Estamos aqui sujeitos a receber críticas. É importante que as pessoas não pensem que os projetos que vamos apresentar e deliberar aqui vão agradar a maioria das pessoas, até porque nós como vereadores, também temos que zelar pelas minorias. Temos nesta casa dois vereadores que são pai de filhos com necessidades especiais e seria até um absurdo imaginar que esta Casa não vai defender essas causas. Todo mundo tem direito de discordar, mas, discordem respeitando o ponto de vista do próximo”, comentou.